sábado, 8 de setembro de 2012

Pergunta:
Na minha nova função de sacristão surgiu-me uma dúvida. Para a esclarecer, o meu pároco incumbiu-me de vos fazer esta pergunta: quando existem intenções de missa, qual é o momento apropriado para as anunciar? E em que termos? 

Resposta:
Dou-lhe os parabéns pelas novas funções de sacristão na sua igreja. A Instrução Geral do Missal Romano, na sua última versão oficial, que é do ano 2000, diz, acerca do sacristão, coisas que as anteriores não diziam: «O sacristão exerce também uma função litúrgica, quando prepara com diligência os livros litúrgicos, os paramentos e tudo o que é preciso para a celebração da Missa» (IGMR 105). Compreendo que a Instrução se tenha ficado pelas funções que indica, às quais chama apropriadamente litúrgicas. Mas os sacristães encarregam-se de muitas outras, que podem ir do acolhimento fraterno das pessoas que se apresentam a pedir um serviço à Igreja, até à ajuda no preenchimento de um impresso. Não é exagerado dizer que um sacristão, quando toma a sério as suas funções, pode ajudar muito no crescimento da vida paroquial. A sua dedicação a tudo o que se refere à paróquia e o respeito que a sua presença contínua suscita, são muito importantes. Relativamente às suas perguntas, não lhe posso citar nenhum número da Instrução onde se fale de intenções da missa, ou de missa por intenção de alguém. A palavra intenção é aí citada apenas no sentido de intercessão (as intenções da Oração dos fiéis ou da Hora de Vésperas da Liturgia das Horas). O mesmo acontece no Missal, onde não se fala de intenção de missa ou de missa por intenção de alguém. A única expressão que aí encontramos, dentro da Oração Eucarística I, na Comemoração dos defuntos, é a oração que começa pela palavra «Lembrai-Vos...», e a rubrica que se lhe segue: «... e ora uns momentos pelos defuntos que quer recordar». É ao acto de orar por alguém que se quer recordar de modo especial, que se chama celebrar por intenção de. Esta constatação é muito interessante, sobretudo quando se sabe que as celebrações por intenção de... ocupam largo espaço na vida dos párocos ou dos sacerdotes em geral (bispos e presbíteros). Pode constatar-se isso mesmo ao ver a lista de nomes de defuntos inscritos nas agendas paroquiais, ou escutando os nomes desses mesmos defuntos recordados pelo presidente da celebração no momento da Comemoração dos defuntos. Ora, a sua pergunta é exactamente esta: quando existem intenções de missa qual é o momento apropriado para as anunciar? Ou seja: quando é que se anuncia que a missa de hoje é por intenção de..., ou por alma de..., ou pelas almas de...? Não há uniformidade nem quanto a esse momento, nem quanto à pessoa que enuncia os nomes, nem tão pouco quanto à forma de os enunciar ou anunciar. Há paróquias onde os nomes dos defuntos pelos quais se irá celebrar nas missas de semana são publicados no respectivo jornal paroquial; outras, onde esses nomes figuram num mapa afixado no guarda-vento da igreja; outras ainda, onde o sacristão ou o acólito diz os nomes, diante da assembleia, um pouco antes de começar a celebração; e outras, onde o próprio pároco se encarrega de o fazer, ao chegar ao altar. E provavelmente ainda haverá outros costumes, entre os quais não podem esquecer-se aquelas comunidades onde os nomes dos defuntos não são pronunciados em momento nenhum da missa. Quais os termos em que podem enunciar-se os nomes dos defuntos que irão ser recordados dentro da Oração Eucarística? Penso que o melhor é inspirar-nos nas fórmulas apresentadas pelo Missal, e construir uma fórmula em que se diga, por exemplo: «Na missa de hoje vamos recordar, de modo particular, os nossos irmãos defuntos N. e N...». O sacristão ou um acólito, um pouco antes de o pároco se dirigir para o altar, diria essa fórmula de um lugar adequado na igreja. Uma fórmula semelhante a esta, dita por um ministro distinto do presidente: a) evitaria que o celebrante dissesse duas vezes os nomes dos defuntos pelos quais se vai orar: no início da missa e na comemoração dos fiéis defuntos; b) daria solenidade ao próprio anúncio, feito pelo sacristão ou pelo acólito, mas sem exagerar a sua importância, por não ser feito pelo sacerdote celebrante; c) eliminaria a impressão desagradável, sentida por bastantes fiéis, quando os nomes dos seus defuntos não são pronunciados em nenhum momento da missa; d) evitaria fórmulas inadequadas ou até mesmo incorrectas, como por exemplo: «A missa de hoje é por alma de... Na missa de hoje vamos rezar por...». Com efeito, a celebração da missa não é para rezar apenas por determinada pessoa, nem tão pouco é uma simples oração de súplica. A missa é a actualização do Mistério Pascal de Jesus Cristo; é louvor, acção de graças e súplica dirigidas ao Pai, pela Igreja e em nome da Igreja; é celebração por todos os membros da Igreja, vivos ou defuntos, e por todas as grandes necessidades do mundo, que são mais vastas do que as da assembleia ali reunida. Um colaborador do SNL (BPL 133)